"O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente". (Texto budista)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Os Códigos da Modernidade


            Imagem retirada so site: http://mundobichogrilo.blogspot.com/2010/08/saude-do-beija-flor.html

Olá pessoal, hoje gostaria de compartilhar com vocês os Códigos da Modernidade.

Num total de sete, os Códigos da Modernidade, foram enumerados por Bernardo Toro.

Filósofo e educador colombiano, Bernardo Toro é um dos mais importantes pensadores da educação e democracia na América Latina. Estudou Filosofia e, depois, Física e Matemática, em cursos de licenciatura. Fez pós-graduação em Investigação e Tecnologia Educativa. É decano acadêmico da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Javeriana, em Bogotá, e autor dos livros: A construção do Público: Cidadania, Democracia e Participação, Educação, Conhecimento e Mobilização e Fala Mestre: Precisamos de Cidadãos do Mundo.
É presidente da Fundação Social, entidade civil que se propõe a combater a pobreza no país. Foi consultor de reformas educativas em Minas Gerais e no Chile.

Esse século será de muito trabalho para nós, professores, e os desafios serão muitos. Nesse sentido, nos caberá o papel de mediador no processo educativo, tornando possíveis as conexões necessárias e precisas, para que o aluno obtenha a aquisição do saber.

 ‘Ao pensar sobre o dever que tenho como professor, de respeitar a dignidade do educando, sua autonomia, sua identidade em processo, devo pensar também (...), em como ter uma prática educativa em que aquele respeito, que sei dever ter ao educando, se realize em lugar de ser negado... é que o trabalho do professor é o trabalho do professor com seus alunos e não consigo mesmo.’ (do livro: Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa, de Paulo Freire, p. 71)

O Educador Bernardo Toro, elaborou uma lista onde identifica as Sete Competências que considera necessárias desenvolver nas crianças e jovens para que eles tenham uma participação mais produtiva no século XXI. São os chamados Códigos da Modernidade:

  • Domínio da leitura e da escrita;
  • Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;
  • Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;
  • Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social;
  • Receber criticamente os meios de comunicação;
  • Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;
  • Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.

Abaixo um resumo de cada uma delas:


Primeiro Código:
Para participar do século XXI, todas as crianças devem ter altas competências em leitura e escrita. A diferença atual entre essas competências por parte das crianças da Europa e da América Latina é gigantesca. O fracasso não é dos alunos, mas da escola, dos professores, dos métodos. Nós é que devemos mudar. A leitura e a escrita são hoje problema de sobrevivência. Não se admitem mais desculpas para o fato do analfabetismo.

Segundo Código:
Refere-se a altas competências em cálculo matemático e em solução de problemas de toda a ordem. Nós não temos ensinado às crianças a resolução de problemas, e é isso que precisa ser ensinado em várias áreas do conhecimento. O profissionalismo consiste em resolver problemas. A leitura e a escrita, o cálculo matemático e a resolução de problemas são aprendizagens que todas as crianças devem ter.

Terceiro Código:
Refere-se a altas competências em expressão escrita, em três aspectos: precisão para descrever fenômenos e situações; precisão para analisar e comparar; e precisão para expressar o próprio pensamento. Essas competências são fundamentais para a vida urbana. É essencial que as crianças das primeiras séries escrevam, todos os dias, pelo menos de seis a dez linhas de sua própria criação. Temos de gerar uma tradição de leitura e escrita, não apenas uma habilidade. A criança deve, diariamente, expor seu pensamento por escrito.

Quarto Código:
Consiste na capacidade para analisar o ambiente social e criar governabilidade; isso significa formação política e democracia. Governabilidade é a capacidade de um país de elaborar suas leis e cumpri-las, e a capacidade de um povo de solucionar seus próprios conflitos sem violência. Isso só é possível quando a criança aprende desde pequena a analisar, criticar e comparar ambientes sociais. Isso é formação política, e é fundamental para a produtividade. É preciso não confundir formação política com formação partidária. Formação política significa formar pessoas capazes de, junto com outras, criar a ordem que elas mesmas vão viver, cumprir e proteger.

Quinto Código:
É a capacidade para a recepção crítica dos meios de comunicação de massa. Atualmente culpamos a televisão pelo não-aprendizado das crianças. Pesquisas, entretanto, provam que a televisão desenvolve habilidades de aprendizagem, o alto nível auditivo, o alto nível de discriminação visual, a capacidade de estabelecer seqüências, de formular hipóteses, de tirar conclusões parciais e totais. Tudo isso a televisão desenvolve em alto nível. Não faz sentido desligar a televisão. Os valores, as crianças os aprendem no contato com os adultos que as rodeiam. O sistema de valores de uma sociedade emerge de seu sistema de punições e recompensas. As crianças vão valorizar a cooperação, a amizade, a solidariedade segundo o sistema de premiações dos adultos, não de acordo com o discurso desses adultos. Esse sistema de recompensas e punições pode ser explícito ou implícito. Então, o que temos que fazer é observar e discutir programas de televisão com as crianças. Alguns minutos por dia são suficientes para desenvolver nas crianças esse espírito crítico.

Sexto Código:
Refere-se à capacidade para planejar, trabalhar e decidir em grupo. Esse código exige a passagem do método frontal para o método de aprendizagem cooperativa em grupos. Todo o Ocidente admira a capacidade dos japoneses de trabalhar em grupo. Essa capacidade não se aprende na empresa; aprende-se na escola. Isso é uma cultura que não se ensina pelo discurso, pela aula magistral, mas pela aprendizagem cooperativa dos grupos.

Sétimo Código:
Relaciona-se à capacidade para localizar, acionar e usar a informação acumulada. No futuro, a criança não precisará ter o conhecimento no cérebro. O conhecimento estará materializado nos livros, computadores, vídeos, filmes, fibras óticas. O que a criança precisará é de ter capacidade para localizar, acionar e utilizar essa informação acumulada.

E é isso pessoal... É aí que me refiro sempre: Nosso papel de educadores é o de mediadores dentro desse contexto, mediando às situações de sala de aula, com situações reais. Pois o aluno acumula saberes, passa por exames, mas não consegue usar o que aprendeu em situações reais. ‘Não nos esqueçamos de que, no final das contas, o objetivo principal é democratizar o acesso ao saber e as competências. Todo o resto é apenas um meio de atingir esse objetivo.’(Revista Nova Escola, Construindo Competências, p. 21)



BjOo grande...
Paz, sempre Paz...
Prof. Jeana Andréa

‘APRENDER A LER E A ESCREVER (...) SÓ SÃO IMPORTANTES QUANDO SERVEM PARA FAZER NOSSOS JOVENS MAIS HUMANOS!’ (Hamilton Werneck)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro



No artigo anterior tratei sobre a questão dos 4 Pilares do Conhecimento. Hoje gostaria de fazer uma explanação sobre um assunto que gosto muito: Os Sete Saberes Fundamentais para a Educação do Futuro
Edgar Morin, nasceu em Paris, em 8 de julho de 1921. É antropólogo, sociólogo e filósofo francês, de origem judaica.
Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de La Recherche Scientifique). Formado em direito, história e geografia (minha área... rsrs). Realizou estudos em filosofia, sociologia e epistemologia. É autor de mais de trinta livros e entre eles: Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro. É considerado um dos principais teóricos da complexidade.
É sobre esse livro que gostaria de tecer alguns comentários.
As transformações tecnológicas, econômicas e culturais colocam cada vez mais a necessidade do conhecimento e da educação do ser humano em toda a sua multiplicidade, para além dos conteúdos (assunto esse que sempre comento aqui no blog). A escola possui uma função formadora e o Ser Humano é um Ser rico em necessidades e capacidades físicas, emocionais, culturais, espirituais e intelectuais.
Para tanto, a preocupação constante da escola é assegurar ao aluno, acesso à permanência e a melhoria de qualidade de ensino, através de um trabalho articulado dos elementos que compõe a equipe escolar, tendo por fio condutor projetos e propostas de trabalhos construídos coletivamente e inseridos em um contexto social, geográfico e histórico.
A educação é compromisso ético; nesse sentido, a escola deverá assumir uma importância cada vez maior como espaço/tempo em que as propriedades sócio-educacionais dos cidadãos possam se concretizar. Isso requer entre outras coisas: ação planejada, vontade política, práticas educativas fundamentadas, sistematizadas, continuadas e aperfeiçoadas continuamente.
Nessa condição citada à cima, a missão do professor toma âmbito ainda maior.  E é justamente ai que cito os Sete Saberes Fundamentais para a Educação do Futuro, de Edgar Morin. Toda a esfera educacional e social deveria atentar a esses saberes.
São eles:
1 – A CEGUEIRA DO CONHECIMENTO: O conhecimento do conhecimento é fundamental para enfrentar a tendência ao erro e a ilusão.
2 – PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO PERTINENTE: O conhecimento precisa aprender os problemas globais e fundamentais, para neles, inserir os conhecimentos parciais locais.
3 – ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA: A educação deve fazer com que cada um tome conhecimento de sua identidade comum a todos os outros humanos.
4 – ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA: É preciso ensinar a Era Planetária que se inicia com o estabelecimento da comunicação entre os outros humanos.
5 – ENFRENTAR AS INCERTEZAS: A educação deveria incluir o ensino das incertezas, porque precisamos ensinar os princípios da estratégia que permita enfrentar os imprevistos e o inesperado.
6 – ENSINAR A COMPREENSÃO: Essa deve ser a obra para a Educação do Futuro. O ensino da compreensão será base para o desenvolvimento de uma CULTURA DE PAZ.
7 – A ÉTICA DO GÊNERO HUMANO: Seu ensino deve abraçar o desenvolvimento das autonomias individuais (e aqui não poderia deixar de citar o grande educador Paulo Freire, que sempre defendeu esse tipo de educação), individuais, das participações comunitárias e da consciência de PERCEBER A ESPÉCIE HUMANA.


‘A escola, em sua singularidade, contém em si a presença da sociedade como um todo’ (Edgar Morin)


Recomendo a todas as pessoas a leitura desse livro magnânimo de Edgar Morin, que é pseudônimo de Edgar Nahoum.
Deixo aí essas minhas pequenas reflexões, frisando que, os Sete Saberes da Educação do Futuro, somados aos Pilares do Conhecimento, fornecem sem sombra de dúvidas, bases sólidas para a construção de uma nova solução para o presente século, sem o qual dificilmente se conseguirá atingir os ideais de PAZ, SOLIDARIEDADE E UM MUNDO AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL.


‘O ensino deve favorecer a arte de agir’ (Edgar Morin)


Um grande abraço a todos...
Paz, sempre... Paz...
Lindo final de semana, linda vida sempre...
Prof. Jeana Andréa
(não deixem de ver os vídeos, são ótimos)



sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os Pilares do Conhecimento



Hoje vou abordar um assunto bem conhecido e pertinente no meio educacional:

OS QUATROS PILARES DA EDUCAÇÃO.

O ensino de qualidade que a sociedade demanda hoje exige dos educadores uma postura educativa que se adeque às necessidades culturais, sociais, políticas e econômicas e que priorize o interesse dos educandos, possibilitando dessa forma uma educação para todos e com base e interesses coletivos.

Para delinear a escola necessária, nos dias de hoje, é preciso pensar o homem, a mulher, o presente, o futuro, a função do conhecimento no mundo, principalmente as relações humanas e os valores que regem a consciência do mundo.

A Nova Era surge batizada de diferentes formas: Era do Conhecimento, Era da Comunicação, Era da Informação – indicando, sobretudo a necessidade de uma revisão do papel do Ser Humano. É preciso repensar, ressentir, reagir...

A educação precisa desencadear uma nova caminhada. Porém, não podemos contentar em sermos instrumentos de mera adaptação, faz-se necessário e urgente que desenvolvamos uma visão projetada para o futuro, para que a educação possa ser mais um instrumento de transformação do mundo e das condições humanas.

Para tanto, em 1990 na Tailândia, durante a Conferência Mundial de Educação para todos, a Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura, UNESCO, reuniu alguns dos maiores pensadores do mundo na Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors, que produziu o relatório "Educação: um tesouro a descobrir" (Delors et al., 1996).

A Comissão destacou Quatro Pilares que são as bases da educação ao longo de toda a vida e que servem de orientação para as instituições de ensino implementarem uma metodologia inovadora baseada no desenvolvimento de competências que privilegia um desenvolvimento integral da pessoa capacitando-a para atuar de forma responsável e eficaz na sociedade.

Jacques Delors, num resumo comentado que fez deste relatório, diz que a Comissão entendeu desde o início que era essencial mudar a idéia que se tem atualmente da educação para uma nova concepção ampliada de educação que “devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo – revelar o tesouro escondido em cada um de nós”.

Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem econômica), e se passe a considerá-la em toda sua plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser.

Delors diz que já não é possível nem adequada uma educação puramente quantitativa com uma bagagem escolar cada vez mais pesada. E que não basta uma acumulação no início da vida de uma quantidade de conhecimentos, mas antes é ‘necessário estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de atualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se adaptar a um mundo de mudanças’.

A Comissão chefiada por Delors identificou, então, quatro aprendizagens fundamentais, que podemos chamar também de quatro competências, em torno das quais a educação deve organizar-se para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, e para que cada indivíduo possa ter uma bagagem que lhe sirva ao longo da vida para o seu sucesso e para o sucesso da sociedade. Esses Pilares são: ‘aprender a conhecer’, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer’, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos’, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser’, via essencial que integra as três precedentes.

Sobre essas quatro aprendizagens fundamentais, a Comissão escreve que aprender para conhecer supõe aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. Enquanto que para aprender a fazer é necessário combinar a qualificação técnica de realizar uma tarefa com o comportamento social, a aptidão para o trabalho em equipa, a capacidade de iniciativa e o gosto pelo risco. Sobre aprender a viver com os outros, a comissão entende que é um dos maiores desafios da educação devido à violência que impera no mundo, principalmente visível no potencial de autodestruição criado pela humanidade no decorrer do século XX. Assim a Comissão propõe duas estratégias para, através da educação, criar nas pessoas o espírito de tolerância, cooperação e de não-violência: a descoberta progressiva do outro e a participação em projetos comuns. Aprender a ser, segundo a Comissão, supõe o desenvolvimento total da pessoa que deve ser preparada principalmente para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesma, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.

Os quatro pilares da educação devem ser a base ao longo de toda a vida:

• Aprender a conhecer, é o mesmo que aprender a aprender, para se beneficiar das oportunidades oferecidas;

• Aprender a fazer, tornar as pessoas aptas a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe, não somente uma qualificação profissional;

• Aprender a viver juntos, desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, realizar projetos comuns, nos valores do pluralismo e da compreensão mutua de paz;

• Aprender a ser, desenvolver sua personalidade, maior capacidade, responsabilidade pessoal.

Linda semana pessoaL...

BjOo grande e gratidão sempre pela visita e carinho de todos!

Paz, sempre ... Paz...

Prof. Jeana Andréa
(assistam aos vídeos... eles são explicativos)






A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.’ (Jean Piaget)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Bem mais Precioso.



‘Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se
ensina e como se aprende’.
(César Coll)
Olá, queridos...

Hoje trago uma história que me emociona muito. Por coincidência, acabei relendo-a novamente e quis compartilhar aqui no blog.
Vivemos uma Era muito importante de nossa existência, talvez a melhor de todas. Muito tem se falado em Amor, em Paz, em ‘Re’pensar, em União... Mas o que de efetivo tem-se feito? Temos consciência de todos esses valores e da necessidade de regatá-los. Ok? Então chegamos num acordo: todos temos consciência disso! Mas e a prática? Somente a tomada de consciência, nada fará sozinha. Cadê os procedimentos atitudinais?
Nós professores temos e mãos todos os dias, seres ‘inacabados’, sedentos por aprender coisas novas. E quando digo coisas novas, refiro-me a coisas que não estão imputadas nos currículos. Ensinamos matemática, história, geografia, português, etc e tal. Matérias que serão muito importantes em concursos, vestibulares, busca de empregos, etc. Mas estamos ensinando como conviver em sociedade? Como amar o próximo? Como valorizar realmente o que é importante?

Bom... vamos a história:

Conta o folclore europeu que há muitos anos atrás um rapaz e uma moça apaixonados resolveram se casar.
Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligava para isso.
A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que tivessem um ao outro.
Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.
Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo:
- Não posso nem imaginar que um dia possamos nos separar. Mas pode ser que com o tempo um se canse do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta para meus pais.
- Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.
O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou.
Casaram-se.

Decididos a melhorar de vida ambos trabalharam muito e foram recompensados.
Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais.
E tempo passou e o casal prosperou. Conquistaram uma situação estável e cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos.
Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza.
Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro.
Discutiam sobre o que comprar quanto gastar como aumentar o patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si.
Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer e começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.
- Você não liga para mim! - gritou o marido - só pensa em você, em roupas e jóias.
- Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa dos seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos.
A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeitada.
- Muito bem, disse ela baixinho. Quero mesmo ir embora. Mas vamos ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram convidados. Ele concordou.

A noite chegou. Começou a festa, com todo o luxo e a fartura que a riqueza permitia.
Alta madrugada o marido adormeceu, exausto. Ela então fez com que o levassem com cuidado para a casa dos pais dela e o pusessem na cama.
Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido. Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta, a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho:
- Querido marido, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento.
- Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso. Quero você mais que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar.
Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para casa mais apaixonados do que nunca.

***
Autor:
Baseado na história "O bem mais precioso", do Livro das Virtudes II, pág. 460.

O egoísmo, muitas vezes, nos turva a visão e nos faz ver as coisas de forma distorcida.
Faz-nos esquecer os verdadeiros valores da vida e buscar coisas que têm valor relativo e passageiro.
Importante que, no dia-a-dia, façamos uma análise e coloquemos na balança os nossos bens mais preciosos e passemos a dar-lhes o devido valor.

E para você, qual é o seu bem mais precioso?
E aqui tomo novamente a liberdade de me apropriar das palavras do amigo Rui: PAUSA PARA REFLEXÃO!!!
Grande bjOo...
Paz, sempre Paz...
Prof. Jeana Andréa
(Assistam aos vídeos...)
'Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a se tornarem pessoas é muito mais importante do que ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha.'
(Carl Rogers)





quinta-feira, 2 de junho de 2011

'Quem tem boca vai a Roma...'

Queridos amigos e pessoas que visitam esse blog, estamos vivenciando, no estado em que trabalho como professora, um importante momento da educação. Uma grande mobilização do magistério estadual em busca do cumprimento da lei que estabelece o Piso Nacional para os Profissionais da Educação.

Professores da Rede Estadual de ensino de Santa Catarina decidiram entrar em grave na última quarta-feira, 18 de maio, até que o Governo catarinense apresente uma proposta de aplicação efetiva do Piso Nacional no Estado como vencimento básico.

Mas o foco central que quero trazer aqui hoje não é a questão da greve, muito menos seus motivos e precedentes, mesmo porque nesse espaço, gosto de tratar de assuntos ligados aos jovens e crianças, nossos alunos.

Mas em meio a essa mobilização dos profissionais da educação, tenho a grata satisfação de constatar que, apesar de não termos o devido respeito e reconhecimento dentro da sociedade civil e organizada, estamos cumprimento e desempenhando nossas funções. Muitos alunos têm nos apoiado. E o texto que quero trazer hoje para vocês, queridos amigos e leitores, vem justamente de um aluno que tenho o prazer e o privilégio de conhecer... Seu texto nos mostra como o papel de professor é importante no desenvolvimento do verdadeiro cidadão.

Segue abaixo o texto do querido aluno Lucas Luiz Hones, estudante do ensino médio da E.E.B. ‘Santo Antônio’ – Mafra/SC (texto extraído do blog http://mentesrealistas.blogspot.com e publicado no Diário de RioMafra do dia 25/05/11.

‘Quem tem boca vaia Roma’

Antes de iniciar, quero garantir que não sou um desses muitos que se expressam apenas porque todo mundo esta se proclamando. Na verdade, ainda estava a perguntar-me do porque de minha demora tão significativa para a manifestação da indignação que – também – é notória na maioria dos rostos inteligentes deste “país emergente”. Mas, talvez, como muitos fariam, a resposta é simples: a tardança talvez seja o reflexo da convivência com um país corrupto, desinteressado e que bate recordes a cada dia na questão da ignorância.

Maçante ‘convivência’. Realmente não gostaria que esta palavra continuasse sempre acompanhando ‘corrupção’. Porém, assim como Flamengo é Flamengo, Brasil é Brasil. Na explicação mais rápida e satisfatória, lê-se: tardei a escrever assim comoo homem tarda em entender que não pode comer dinheiro; como as pessoas tardam em entender de uma vez por todas que a educação no Brasil esta a poucos centímetros do fundo do poço; como o governo tarda em criar vergonha na cara.

Doce e bela política. Aristóteles propunha, na Grécia antiga, uma forma de se viver em sociedade, buscando juntamente com a ética, ações benéficas para a coletividade. Evoluímos? Creio ser necessário mostrar os fatos: “O Supremo Tribunal Federal manteve no ano de 2011 o piso salarial de R$1.187,97 para a carreira de professor exercida por 40 horas semanais, conforme a lei nº 11.738 de 16 de julho de 2008.*”; “O Governo Federal proferiu que, acaso o Governo Estadual justificasse a falta de condições para o pagamento do piso salarial para os professores, haveria um auxílio do Governo Federal para o cumprimento da Lei.”

Entretanto, passa a ser desnecessário dizer – já que as seguidas notícias de paralisação dos professores catarinenses exigindo o cumprimento da Lei Federal, falam por si - que o Governo de Santa Catarina sequer justificou o não pagamento do piso. Indago: “Santa Catarina é um dos estados mais desenvolvidos do país, qual seria o motivo principal do não cumprimento da norma federal?”. Creio também, ser desnecessário dizer que uma paralisação por tempo indeterminado, acarreta em danos e prejuízos a todos os envolvidos, sendo estes alunos, professores e, posso dizer, até o Estado.

Embora pareça óbvio aos olhos populacionais que o Estado sai prejudicado, o mesmo não acontece a olhos críticos, explanando o leque para a questão nacional. Durante anos o Brasil vem colocando-se como um país emergente, mas não acredito na expressão. A população já colocou suas vendas para a maioria dos assuntos que levam um país a ser desenvolvido. Assuntos esses, que prefiro impor no singular. Educação, essa é a base. O Brasil investe cerca de 4,6% do PIB nela. Muito? Não, nem um pouco. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas pela Infância), o Brasil deveria investir ao menos 8% do PIB para reverter as desigualdades e os problemas de qualidade que ainda persistem. Porém, a questão não é somente dinheiro.

É claro e óbvio para a maioria das pessoas perspicazes que o investimento em educação traz melhorias significativas para o avanço de uma nação. Mas nossos superiores são espertos. Eles não desejam críticos, filósofos e pensadores para o futuro. Esperam somente pessoas acomodadas que, assim como a maioria, busquem na urna os algarismos necessários para reelegê-los e dizer que esta tudo ótimo. Apenas almejam que nós pensemos que são ignorantes. Caminhamos para uma ditadura novamente, porém com um partido socialista em nossa frente. Ironia? A máscara esta em cada face dos membros da estrelinha vermelha. Em oito anos já conseguiram transformar a cabeça de mais da metade dos eleitores. Terão mais quatro para fazer isso – ou quem sabe oito – com a outra parte deles. A abolição de um projeto improfícuo que insere nos livros didáticos o uso da ‘linguagem vulgar’** passa a ser um exemplo clássico do que os ‘nossos superiores’ desejam fazer de nosso futuro.

Em questão de diálogo social, fui indagado se, assim como em épocas de ditadura, poderíamos lutar e reivindicar a melhora da sociedade. Minha resposta tem três letras: NÃO! Em todas as situações impostas, o Brasil mostra-se dividido.‘População das bolsas’ e ‘População do trabalho’. Isso já foi justificado com o movimento sulista, denominado ‘O Sul é o meu País’*** onde, se a inserção de São Paulo não existisse, teria se realizado. São Paulo seria se não a única, uma das únicas fontes de renda do Brasil. Já que as outras se preparavam para tornar-se um dos países mais ricos do mundo. Portanto, para haver uma mudança, terá de haver guerra. Aí sim, talvez houvesse uma solução. Porém a parte norte, sairia perdendo, e feio... Mas desculpem-me, estou sonhando. Por mais que haja planos, não haverá tais ações. No fundo, é possível perceber, que para se conseguir algo é necessário lutar. Sem sentido figurado, somente na raiz da expressão. Por isso, ressalto: se anseiam por um país melhor, preparem-se para uma guerra interna. Seremos os guerreiros, enquanto o Palácio do Planalto observará de camarote. Não evoluímos. Apenas o Coliseu cresceu.


Lucas Luiz Hones

*- http://www.grzero.com.br/piso-salarial-dos-professores-2011/
**-http://www.youtube.com/watch?v=kRdrDLrr_fM&feature=share
***- http://www.patria-sulista.org/

Deixo um agradecimento especial ao Lucas que me permitiu publicar seu texto aqui. 'Lucas, meu querido, tua estrada é linda... trilha ela sempre assim... com sabedoria e exatidão. Já te admirava, agora passo a lhe admirar mais ainda. Que mais alunos sejam despertos como você'.

Pessoal, aí que me refiro sempre.

Abraços... Paz, sempre Paz...

Prof. Jeana Andréa