"O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente". (Texto budista)

terça-feira, 29 de março de 2011

Haikai


http://auribertoeternochocalheiro.blogspot.com/2011/02/haikai-voce-conhece.html

Queridos, essa semana, ‘caiu-me’ nas mãos, um livro maravilhoso intitulado: ‘Conversa de Passarinho’... E suscitada pela curiosa e pela grande paixão que tenho pela poesia, comecei a lê-lo. Descobri algo fascinante com o nome de Haikai.

‘O haikai se faz com três linhas, ou versos, e não mais de 17 sílabas.
Seu tema é a natureza, e não nossos sentimentos e pensamentos.
Se faz com simplicidade, leveza, desapego, sutileza, objetividade, integração com o todo.
Sua melhor definição, na opinião de muitos, é uma fotografia em palavras.
Grava o instante. O fotógrafo não aparece na foto, mas sua sensibilidade sim.
O mesmo no haikai.
É como se as coisas falassem por si mesmas. Sem adjetivos, sem a impressão do poeta, exatamente como são.
Só o real, sem comparar a nada e, talvez por isso mesmo, tão incomparável.
Porque, descrevendo a coisa apenas como ela é, desperta a sensação da própria coisa.
A sensação, por exemplo, da estação em que ela acontece, nos fazendo lembrar de que tudo está sempre mudando, tem o seu próprio tempo, que é cíclico.
É essencial, isto é, capta a essência das coisas, e a essa característica se dá o nome de haimi, que significa “sabor de haikai”.
Não é difícil de entender, quando se volta à comparação com fotografia.
Qualquer um é capaz de perceber se uma foto é boa ou não, além dos aspectos técnicos. Ela é boa se nos toca, se capta um instante especial, se provoca uma sensação.
O haikai é uma forma poética que nasceu no Japão e chegou ao Brasil há exatos 100 anos, em 1908, no navio kassato Maru, com a primeira leva de imigrantes japoneses.
Diferente, em muitos sentidos, da poesia que se faz no Ocidente, o haikai nos ensina coisas fundamentais para nosso momento atual.
Em primeiro lugar, a síntese.
Com apenas três versos, nem um a mais, nem um a menos, e com 17 sílabas, no máximo, exercitamos o dom de dizer o suficiente como um mínimo de palavras.
Como vivemos cada vez mais, um tempo sem tempo, em que não é possível absorver toda informação que nos chega - nem transmiti-la- ser sintético e aprender a concentrar conteúdos e fundamental.
Mas também aprendemos a olhar para fora de nós mesmos, a observar a natureza, as mudanças de estação, e assim nos sentimos mais integrados com o todo e ficamos menos absorvidos com nossos problemas pessoais, que passam a ser menos importantes.
Sair do próprio umbigo, como Buda avisou, é o caminho para a cessação do sofrimento.
O nome mais conhecido na história do haikai no Japão e, por tanto, no mundo, é Matsuo Bashô.
Ele era um guerreiro, ou samurai, e como tal, aprendeu muitas artes zen, que são caminhos para uma atitude de vida.
Além das artes marciais, judô (o caminho da suavidade), karatê do (caminho das mãos vazias), kyu dô, (caminho do arco e flecha), kendô, o caminho de manejar a espada, os samurais do Japão antigo aprendiam ikebana, ou ka dô, que é a arte do arranjo floral, o cha-dô, que é a cerimônia do chá, e outras mais, como o haikai dô, ou caminho do haikai.
Quando seu senhor morreu, de morte natural, Bashô escolheu, entre tantas artes, ensinar haikai e chegou a ter 3.000 discípulos. Mas, como o haikai é feito sobre a natureza, Bashô decidiu sair de sua cidade e viajar para ver as outras paisagens de seu país.
Seus alunos inconformados lhe pediram para ficar porque achavam que ainda tinham muito a aprender, e Bashô lhe disse:
-Não tenho mais nada para ensinar a vocês, qualquer dúvida que vocês tenham, perguntem a uma criança de 8 anos.
Porque,não importa a idade que se tenha, é a criança que existe em cada um de nós, que sabe ler, entender e escrever haikai’. (Retirado do livro: Conversa de Passarinhos das autoras, Alice Ruiz S e Maria Valéria Rezende. Livro esse distribuído pelo MEC às escolas)


Vamos tentar?

‘Cai a chuva,

Molha a terra...

Serenidade nasce!` (Prof. Jeana Andréa)

Rsrsrsrsrsrs... Alguém mais se habilita?

BjOo grande pessoal! Sempre Paz.

Prof. Jeana Andréa



domingo, 27 de março de 2011

Bullying - vencendo preconceitos

Hoje trago um assunto que vem ganhando espaço na mídia mundial. Um assunto delicado e que merece a atenção de todos. Quem me conhece, sabe que não gosto de falar ou mesmo mostrar coisas tristes e violentas, pois, sou contra todo e qualquer tipo de violência e indelicadeza. Mas, infelizmente, elas existem e precisam ser discutidas para que, possam ser evitadas ou tiradas de foco.

Recebi dia desses, um vídeo gravado em uma escola da Austrália e que ganhou preferência na Internet. No youtube, ele já teve milhares de acessos e continua sendo republicado em vários sites. As imagens mostram um menino de boné, Richard Gale, de 12 anos, provocando um colega, Casey Heynes, de 15 anos. Ele dá socos no garoto mais velho, até que Cassey resolve revidar e jogo o menino no chão. Em entrevistas a jornais australianos, Casey disse que sofria ‘bullying’ desde os oito anos de idade e que se cansou. Richard disse que foi agredido primeiro.

As imagens geraram discussões no mundo todo sobre o ‘bullying’ que, define repetidas agressões físicas ou morais a uma pessoa. No Brasil, uma pesquisa do IBGE mostra que 31% dos brasileiros já foram vítimas de tais agressões.

Cenas virtuais, como essa parecem cenas de filme ou parecem estar apenas do outro lado do mundo, mas podem estar bem mais perto do que imaginamos. Para tanto é de suma importância que, nós educadores, estejamos atentados para isso e os pais estejam em constante alerta também. A grande preocupação é que, esse seja um dos fatores da evasão escolar, já que as vítimas costumam enfrentar problemas sérios na escola. No início, alunos que sofrem algum tipo de agressão ou humilhação freqüente por parte de colegas, procuram pretextos para faltar às aulas, e depois acabam por desistir de estudar.

Especialistas também demonstram grande preocupação com as vítimas e as consequências do ‘bullying’. Os sintomas variam de alterações de sono, dores de cabeça e isolamento até depressão, pânico e tentativas de suicídio. Para os pais, o alerta pode surgir a partir de hábitos de resistência do filho para ir à escola, insegurança dentro do ambiente escolar ou mau rendimento nos estudos.

Os especialistas chamam ainda a atenção para o alto índice de suicídio de vítimas dessa prática horrorosa já que, as crianças frequentemente sofrem altos níveis de estresse, ansiedade e depressão. Eles observam ainda que, algumas vítimas, como forma de alto defesa, podem adotar comportamento antissocial ou deliquente. Já, os agressores podem levar suas práticas de constrangimento ao extremo, podendo chegar inclusive à agressão física.

A palavra ‘bullying’ é um termo de idioma inglês, é de difícil tradução e não dispões de significado na língua portuguesa que, demonstre claramente um sentido exato. A palavra é originada de ‘bully’que, significa ‘valentão’, ‘brigão’e, vem sendo utilizada para caracterizar a violência ‘comum’ nas interações entre pares, ocorrendo principalmente entre crianças e adolescentes em atividade escolar. Essa violência consiste em agressões físicas e/ou psicológicas, realizadas de forma repetida, intencional e sem motivação, assemelhando-se com uma espécie de tirania, na qual as vítimas normalmente são mais frágeis e menos influentes que seus agressores. Não é caracterizado ‘bullying’ a briga eventual e práticas isoladas de violência.

No final do ano passado, assisti ao filme ‘Bullying’e confesso a vocês que, não consegui assistir a mais de trinta minutos de filme... Olho ele aqui na minha estante e chego a ter repulsa em sequer imaginar que exista isso dentro de nossa sociedade. Por isso faço um apelo como pessoa Jeana Andréa e como prof. Jeana Andréa: tentemos de todos os modos combater isso em nosso meio. Prestemos mais atenção aos nossos alunos e filhos e no comportamento deles. Falo isso embasada no livro ‘Mentes Perigosas – O psicopata mora ao lado’, da escritora Ana Beatriz Barbosa Silva, o qual li e confesso que fiquie espantada em perceber como a mente humana pode chegar a maldades inconcebíveis e intolerantes.

Senhores pais e educadores, atentemos para o fato que esses jovens que praticam ‘bullying’ hoje, possam ser os psicopatas, bandidos, marginais, sociopatas, etc do amanhã. E somente com a ampla divulgação, discussão, tomada de consciência e procedimentos atitudinais, poderemos extirpar ou delimitar o campo de atuação desse sujeito. E, jamais nos esqueçamos de que são com exemplos, com os nossos exemplos que as crianças e jovens crescem, pois:

‘Se uma criança vive com criticismo, ela aprende a condenar.

Se uma criança vive com hostilidade, ela aprende a agredir.

Se uma criança vive com medo, ela aprende a ser apreensiva.

Se uma criança vive com piedade, ela aprende a sentir pena de si mesma.

Se uma criança vive sendo ridicularizada, ela aprende a ser tímida.

Se uma criança vive com a inveja, ela aprende o que é o ciúme.

Se uma criança vive com vergonha, ela aprende a se sentir culpada.

Se uma criança vive com incentivo, ela aprende a ser confiante.

Se uma criança vive com tolerância, ela aprende a ser paciente.

Se uma criança vive com elogios, ela aprende a apreciar.

Se uma criança vive com aceitação, ela aprende a amar.

Se uma criança vive com aprovação, ela aprende a gostar de si mesma.

Se uma criança vive com reconhecimento, ela aprende que é bom ter um objetivo.

Se uma criança vive com colaboração, ela aprende sobre a generosidade.

Se uma criança vive com a honestidade e lealdade, ela aprende o que é a verdade e a justiça.

Se uma criança vive com segurança, ela aprende a ter fé em si mesma e nos outros ao seu redor.

Se uma criança vive com amizade, ela aprende que o mundo é um bom lugar para se viver.

Se uma criança vive com serenidade, ela aprende a ter paz de espírito. ’(desconheço o autor)

Vitor Hugo tem uma frase que gosto muito e é com ela que encerro esse texto, deixando um beijo grande no coração de cada um, pedindo que, sempre procuremos proliferar a Paz de todas as formas possíveis e concebíveis, pois só através dela, conseguiremos construir uma sociedade mais JUSTA e HUMANA à nossas crianças e jovens. Assistam aos vídeos abaixo, são bárbaros... rsrsrs e muito explicativos.

‘Aquele que abre uma escola, fecha uma prisão.’ (Vitor Hugo) - 'é aí que sempre me refiro!!!' :)





domingo, 13 de março de 2011

'O Luizinho da Segunda Fila'


Muitas vezes, em nossa missão de ensinar, nos preocupamos com o excesso de conteúdos programáticos e deixamos de lado a oportunidade de conversar e conhecer nossos alunos... Hoje li uma história interessante do grande mestre Celso Antunes, intitulado ‘O Luizinho da Segunda Fila’. Celso Antunes é educador brasileiro, formado em geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em ciências humanas e especialista em inteligência e cognição. Membro consultor da Associação Internacional pelos Direitos da Criança Brincar, reconhecido pela UNESCO. É autor de mais de cento e oitenta livros e consultor de diversas revistas. Segundo ele: ‘O cérebro de uma pessoa, de qualquer pessoa, contém todo potencial de percepções, belezas e arranjos lingüísticos, simbólicos, cinestésicos, pictóricos e lógicos que abrigam todo saber humano possível. Todo ser humano é saber em semente, pronto para brotar e florescer tão logo aprenda a construir-se em comunhão com o objetivo imprescindível de todas as fantasias previsíveis – o mundo em que vivemos. ’ (Celso Antunes)

Mas vamos à história de Luizinho... rsrsrsrsrs

O Luizinho da segunda fila

Marcelo é um excelente professor de Geografia. Na aula sobre o Pantanal até excedeu-se. Falou com entusiasmo, relatou com detalhes, descreveu com precisão. Preencheu a lousa com critério, soube fazer com que os alunos descobrissem na interpretação do texto do livro a magia dessa região quase selvagem. Exibiu um vídeo, congelou cenas e enriqueceu-as com detalhes, com fatos experimentados, acontecimentos do dia-a-dia de cada um.

Em sua prova, é evidente, não deu outra: uma redação sobre o tema e questões operatórias que envolviam o Pantanal, seus rios, suas aves, sua vegetação... a planície imensa. Os alunos acharam fácil. Apanharam suas folhas e começaram a trazer, palavra por palavra, suas imagens para o papel. As canetas corriam soltas e as linhas transformavam-se em parágrafos. Marcelo sabia o quanto teria que corrigir, mas vibrava...Sentia que os alunos aprendiam. Descobria o interesse que sua ciência despertava. Não pôde conter uma emoção diferente quando Heleninha, sua aluna predileta, foi até sua mesa e arfante solicitou:

-Posso pegar mais uma folha em branco?

O único ponto de discórdia, o único sentimento opaco que aborrecia Marcelo, era o Luizinho, aquele da segunda fila. – Puxa vida! – pensava – Luizinho assistira todas as suas aulas, arregalara os olhos com as explicações e agora, na prova, silêncio absoluto, imobilidade total... nem sequer uma linha. Sentiu ímpetos de esganar. Luizinho pagaria seu preço, iria certamente para a recuperação. Se duvidassem poderia, até mesmo, leva-lo à retenção. Seria até possível arrancar um ano inteirinho de sua vida...

Minutos depois, avisou que o tempo estava terminado. Que entregassem suas folhas. Viu então que, rapidamente, Luisinho desenhou, na primeira página das folhas da prova, o Pantanal. Rico, minucioso, preciso. Marcelo emocionou-se, ao ver aquele quadro, de irretocável perfeição, nas mãos de Luizinho que coloria as últimas sobras. Entusiasmado indagou:

-E aí, Luis? Você já esteve no Pantanal?

Não. Luizinho jamais saíra de sua cidade. Construiu sua imagem a partir das aulas ouvidas. Marcelo sentiu-se um gigante e, de repente, descobriu-se o próprio Piaget. Havia com suas palavras construído uma imagem completa, correta e absoluta na mente de seu aluno.

Mas, deu zero pela redação. É claro. Naquela escola não era permitido que se rabiscassem as folhas da prova.

A história de Luizinho repete-se em muitas escolas.

Sua Inteligência pictórica é imensa, colossal, lúcida, clara e contrasta visivelmente com as limitações de sua competência verbal. Expressou o que sabia, da maneira como conseguia. Mas, não são todos os professores que se encontram treinados para ouvir linguagens diferentes da que a escola instituiu como única e universal.

(Trecho do Livro Marinheiros e Professores, 6a ed., Petrópolis, Vozes, 2000, p. 72-73, Celso Antunes)

Essa história fez-me lembrar o psicólogo Howard Gardner. Estudioso do campo da psicologia cognitiva educacional e conhecido em especial pela sua Teoria das Inteligências Múltiplas. Atualmente ele é professor de Cognição e Educação na Universidade de Harvard e professor adjunto de neurologia na Universidade de Boston. Depois de muitos anos de pesquisas com a inteligência humana, Gardner concluiu que, o cérebro do homem possui alguns tipos de inteligência. Porém, a maioria das pessoas possui uma ou duas inteligências desenvolvidas. Isto explica porque um indivíduo é muito bom com cálculos matemáticos, porém não tem muita habilidade com expressão artística. De acordo com Gardner, são raríssimos os casos em que uma pessoa possui diversas inteligências desenvolvidas. Ele ainda afirma que estas inteligências apresentam-se de duas formas. Algumas pessoas já nascem com determinadas inteligências, ou seja, agenética contribui. Porém, as experiências vividas também contribuem para o desenvolvimento de determinadas inteligências.
Os estímulos e o ambiente social são importantes no desenvolvimento de determinadas inteligências. Se uma pessoa, por exemplo, nasce com uma inteligência musical, porém as condições ambientais (escola, família, região onde mora) não oferecem estímulos para o desenvolvimento das capacidades musicais, dificilmente este indivíduo será um músico.

Segundo Gardner as Inteligências Múltiplas são:

Inteligência Lingüística - Refere-se ao domínio da expressão com o uso da linguagem verbal e da oralidade de um modo geral. É o manejo da palavra e da verbalização do pensamento. É a capacidade de expressão e compreensão da língua escrita e verbal. Manifesta-se na sensibilidade do entendimento da ordem e do significado das palavras, capacidade de convencer alguém sobre um fato, de explicar, ensinar e aprender, estimular o senso de humor, a memória e a lembrança, transmitir informações ou simplesmente agradar. Se expressa de modo característico em pessoas que gostam de escrever, ler, ouvir, contar histórias e piadas; pessoas que possuem boa memória para nomes, lugares, datas e histórias; pessoas que lidam criativamente com as palavras, língua corrente e linguagem de uma maneira geral. É especialmente desenvolvida em poetas, jornalistas, oradores, pregadores, vendedores, escritores.

Inteligência Espacial - Refere-se ao sentido de movimento, de localização, senso de profundidade e de direção. Inteligência na qual, em muitas vezes, se produz um efeito que é exigido para a realização de tarefas pertinentes ao trato simultâneo tridimensionais, dimensões, ângulos e perspectivas diferentes. Está relacionada com a capacidade de visualizar, moldar, manipular e criar imagens mentais. Esta inteligência é característica especialmente desenvolvida em pessoas com atividades ligadas a artes visuais (pintura, desenho e escultura), navegação, criação de mapas, em jogadores como xadrezes (que exigem a habilidade de visualizar objetos a partir de diferentes perspectivas), tais como: arquitetos, escultores, artistas gráficos, cartógrafos, pintores, designers, cirurgiões plásticos.

Inteligência Lógico-matemática - Refere-se a competência em desenvolver raciocínio lógico, dedutivo, indutivo e de compreensão de modelos matemáticos; lidar com números ou outros objetos matemáticos, envolvendo cálculos e transformações; capacidade de manejar habilmente longas cadeias de raciocínio; de trabalhar com símbolos abstratos (números e figuras geométricas). Trata-se da habilidade em lidar com conceitos científicos. É dotado de um senso dedutivo e lógico muito firme e bastante apurado. Esta inteligência é característica especialmente desenvolvida em pessoas que gostam de matemática e de usar computadores, de jogar xadrez, damas, jogos de estratégia e quebra-cabeças. Normalmente são matemáticos, filósofos, contadores, escritores, banqueiros, administradores.

Inteligência Musical - É dotado em indivíduos que possuem o domínio da expressão com os sons; que possuem a habilidade de reconhecer padrões sonoros, tons, ritmos. Incluem sensibilidade a sons ambientais, vozes humanas e instrumentos musicais. Seu perfil indica o reconhecimento da estrutura musical, de esquemas para ouvir música, sensibilidade para sons, criação de melodias, percepção das qualidades dos tons e habilidade para tocar instrumentos. Esta habilidade de compreensão melódica e rítmica de sons musicais é desenvolvida em músicos, cantores, compositores, maestros.

Inteligência Corporal-cinestésica - Refere-se ao domínio dos movimentos do corpo; a qualquer habilidade físico-motora na forma de uma linguagem corporal. Manifesta-se tipicamente no atleta, no artista, que seguramente não elaboram cadeias de raciocínios para realizar seus movimentos, e na maior parte das vezes, não conseguem explicá-los verbalmente. Os exercícios e os treinamentos conseguem desenvolver tal competência, embora os limites alcançados difiram significativamente em diferentes indivíduos. É relacionado com o movimento físico, o conhecimento do corpo e como ele funciona. Inclui a habilidade de usar o corpo para expressar emoções, para jogar, para interpretar e usar linguagem corporal. São pessoas que aprendem através do movimento; aprendem melhor através do contato; movimentam-se constantemente; gostam de esportes; gostam de tocar ou de serem tocados quando conversam com as pessoas; gostam de artes e trabalhos manuais, assim com atores, atletas, dançarinos profissionais, cirurgiões, mímicos.

Inteligência Intrapessoal - Refere-se à capacidade de autocompreensão, de automotivação, auto-estima, conhecimento e estar bem consigo mesmo. É basicamente a habilidade de administrar os próprios humores, sentimentos, emoções e projetos a seu favor. É capaz de fazer com que as situações e os problemas cotidianos sempre acabem tomando novos contornos, quando se põe a analisá-los com sua ótica particular e seu reconhecimento das situações correlatas. Inclui metacognição (pensar sobre o pensar), respostas emocionais, auto-reflexão e consciência de conceitos metafísicos. Assim, a inteligência intrapessoal diz mais respeito à capacidade de autocontrole e estabilidade emocional do indivíduo frente às dificuldades encontradas em qualquer ambiente.

Desenvolvem, exploram e fazem explorar estas habilidades filósofos, psiquiatras, aconselhadores, pesquisadores.

Inteligência Interpessoal - É a capacidade de se relacionar com o outro, de entender as reações, criar empatia e carisma, perceber humores, motivações, em captar intenções usadas nos relacionamentos pessoa-a-pessoa. É uma das inteligências que funciona quase que como uma marca registrada, em função da facilidade em estabelecer contato com os outros e de compreender de antemão as suas expectativas, seus medos e anseios, conseguindo analisar questões de diferentes pontos de vista. Pessoas dotadas desta inteligência são capazes de compreender as outras pessoas, entender o que as motiva e como trabalham. Possibilita ainda inferir o estado de ânimo, temperamento e nas intenções do outro. Destacam-se líderes, políticos, professores, terapeutas, aconselhadores, comunicadores, religiosos e é fundamental nos pais. Apesar de não serem abordadas por Gardner, hoje podemos ir além desses modelos. Já se ouve falar em modelos que estão surgindo como padrões comportamentais mais modernos e ainda não explorados ou comprovados. Podemos identificar então:

Inteligência Naturalista - Ou a sensibilidade para aprender com os processos da natureza, que chega a ser quase como um princípio de vida, em alguns indivíduos, que descobrem sempre uma forma de atuar sutil e eficazmente, seguindo leis naturais que às vezes parecem um tanto distantes da compreensão ou da mensuração pelos demais. São pessoas que tem o dom de relacionar-se bem com a natureza, sente-se confortável no mundo dos organismos e podem ter o talento de cuidar de várias criaturas vivas, domá-las ou com elas interagir, tais como biólogos, botânicos, pescadores, agricultores, jardineiros.

Inteligência Existencial / Espiritualista - Ou a inteligência voltada para questionamentos filosóficos e religiosos, que é sem dúvida um dos elementos mais presentes e atuais. São pessoas que tem o potencial de situar-se em relação a elementos da condição humana como os significados da vida, o sentido da morte, o destino final dos mundos físico e psicológico. Entre estas pessoas se destacam místicos, líderes religiosos, pessoas que meditam.

Inteligência Pictográfica - Observada em pessoas que conseguem se expressar pela pintura, desenho, escultura ou imagens gráficas. Desenvolvido em pessoas especiais, que possuem alguma deficiência, tais como deficiência mental, deficiência de coordenação motora.

Inteligência Emocional - Está relacionada à capacidade de conter os impulsos, ter controle das próprias emoções (inteligência intrapessoal) e saber se relacionar bem com as outras pessoas (inteligência interpessoal). Em suma, trata-se da união das inteligências intrapessoais e interpessoais.

Queridos, não permitamos, literalmente, destruir o poder criador que há, em cada aluno-semente que, passa em nossas poderosas mãos de professores. Saibamos entender a imperfeição de nossos educandos, estimulando sempre o que eles tem de melhor. Que sempre nos seja dado o poder de percebermos a profissão fantástica que temos. Quantos conflitos, quanta insegurança, quantos medos, quanta falta de carinho, de amor, de afeto... quantos sonhos estão presentes em nossas salas de aula e muitos de nós ainda, preocupados com metodologias, técnicas, conceitos, fórmulas???

Como diz o amigo Rui Pamela: ‘Pausa para reflexão’

Vale a reflexão... Paz Sempre...



quinta-feira, 10 de março de 2011

'Quero o meu saco de volta!'


Imagem retirada do site: http://www.flickr.com/photos/chiaralily/galleries/72157623399109863/#photo_4609222412


Queridos, hoje pela manhã, enquanto ministrava aula para ‘meu’ 4º ano, lembrei-me desse um texto deslumbrante de Max Gehringer que conheci há uns 10 anos atrás. Como tenho uma cópia impressa dele, ‘corri’ para lê-lo e um sorriso brotou-me na face. Esse texto é muito interessante e intrigante. Tanto que, resolvi compartilhar aqui no blog...
Vou abster-me de comentários, pois o texto fala por si! Espero que apreciem...

Quero o meu saco de volta!

Por que a escola nos azucrina, ensinando coisas que jamais usaremos?
(Max Gehringer)
Como a maioria dos leitores desta coluna, eu também fui um dia arrancado da frente da TV e confinado, apesar de protestar inocência, em uma organização correcional chamada "escola". Essa foi a maneira de meus pais demonstrarem a que limites de crueldade poderia chegar o que eles chamaram de "preocupação com o futuro dos filhos". Mas o maior choque, mesmo, veio depois, quando eu e meus novos coleguinhas de infortúnio fomos informados de que ali, naquelas desconfortáveis carteiras, nós teríamos de passar os próximos 15 anos de nossa vida! Nunca pensei que o futuro pudesse ficar tão longe...
Meu pai bem que tentou me convencer de que haveria uma recompensa à altura para tanto sacrifício: a partir do momento em que eu botasse os pés na escola, ele disse, eu teria acesso privilegiado a informações importantíssimas - como, por exemplo, os nomes das capitanias hereditárias e de seus respectivos donatários -, sem as quais seriam mínimas as minhas chances de escapar às emboscadas do futuro.
Para minha surpresa, nem três meses se passaram e eu já dominava duas habilidades que me seriam de grande utilidade pela vida afora: ler e escrever. Foi aí que eu comecei a desconfiar que todas as outras picuinhas que compõem o dito "cabedal de conhecimento"...
1. Estariam disponíveis em algum lugar, desde que a gente soubesse ler.
2. Poderiam ser terceirizadas, desde que a gente pudesse pagar.
3. Não interessavam.
Convicto de que já sabia o suficiente, decidi voltar para casa e me dedicar a coisas de pertinente interesse, como passar o dia jogando bola e devorando salgadinhos. Ledo engano: meus pais ficaram uma arara (digo, duas araras) e me mandaram de volta. Tal reação intempestiva me levou a desconfiar que eles até já haviam feito um acordo secreto com as escolas, pelo qual eu ficaria enclausurado por mais 14 anos e 9 meses, tempo suficiente para a prática dos papai-e-mamãe matinais sem um enxerido como eu por perto.
Voltei a contragosto, mas, verdade seja dita, devo reconhecer que as escolas empregaram a nata de sua criatividade para conseguir me manter ocupado por tanto tempo. Foi o caso das aulas de português, que me davam a impressão de estar no pronto-socorro de um hospital: "Isso é um anacoluto ou uma catacrese? - a professora me perguntava. Eu sei lá, mas, por via das dúvidas, sugeria que ela amputasse a mesóclise para evitar uma cacofonia mais séria.
Matemática foi outra matéria que transmitiu ensinamentos vitais para minha futura carreira profissional, como a extração sem dor da raiz quadrada - Eu era meio ruim de conta, mas quando estava na terceira série, às voltas com uma tabuada e questões de crucial importância ("Joaquim tinha 18 bananas: deu um terço delas para Marta e metade da diferença para Beatriz..."), caiu-me nas mãos um prodígio tecnológico: a calculadora. Com ela, nunca mais os joaquins teriam dificuldades para repartir suas bananas - mas o que foi que a escola fez? Proibiu o uso das calculadoras na classe! Porque, por uma lógica pedagógica além da minha compreensão, se eu tivesse uma calculadora para facilitar minha vida, eu "ficaria preguiçoso, e isso iria prejudicar o meu futuro".
Apesar dos pesares, conclui minha formação básica e já estava para encarar uma "facu" - ou seja, faltavam apenas quatro anos para eu terminar de cumprir minha pena e ser solto no mercado de trabalho - quando fui informado de que, no futuro, nada era assim tão simples. Eu antes precisaria fazer um cursinho, porque as coisas que seriam perguntadas no vestibular não eram exatamente as que eu tinha aprendido nos 11 anos anteriores. Se entendi bem, nas universidades os joaquins precisavam desvendar os segredos da tábua de logaritmos para poder distribuir suas bananas. Se as bananas apodreceriam antes disso, o problema era dos joaquins, e não do sistema educacional.
Uma coisa que me chamou a atenção no curso, por assim dizer, superior, foi que lá fora, no mundo que estavam me preparando para conquistar, começou a proliferar uma engenhoca chamada microcomputador (com 16K de memória). Mas só lá fora, porque ali na "facu", eu desconfio o lobby dos fabricantes de lápis e canetas ainda era muito poderoso. Quando meu professor descobriu que eu estava fazendo um curso paralelo de Lotus 1-2-3, ele ficou possesso e, como castigo, me fez resumir, em duas páginas, toda a obra de Keynes. Que, acredito, foi um cara meio prolixo, já que precisou de 300 páginas para teorizar o que eu, aparentemente, era capaz de explicar em apenas 20 parágrafos.
Quando eu finalmente pensei que seria libertado, fui comunicado de que haveria uma extensão de minha pena, um troço chamado "pós", sem o qual eu não conseguiria desembarcar no futuro. A diferença entre a "pós" e o curso de graduação foi que na "pós" eu tive de dissertar sobre a obra de Keynes numa monografia de 500 páginas - o que significava que ele, além de prolixo, agora precisava de minha ajuda para explicar melhor seus conceitos econômicos.
A "pós" mudou meu status de neoprofissional do futuro, porque dali em diante eu estaria autorizado a apelidar meu período escolar de "background acadêmico", o que já me garantiu meu primeiro estágio. A empresa, uma potência, ávida por "inserir os novos talentos potenciais no ambiente participativo", me chamou para assistir uma reunião. Fiquei impressionado, porque o pessoal ali falava de coisas como "fisiologia da informatização plena" assim como quem pede um picolé de morango. E eu lá, quietinho...
Até que um diretor da empresa resolveu me "dar uma oportunidade para compartilhar a vasta teoria" que eu havia adquirido. Era a minha grande chance, mais cedo do que eu pensava, de pavimentar a estrada do meu futuro. Abri minha pasta, tirei a lista das capitanias hereditárias, uma coleção de anacolutos, a tábua de logaritmos, algumas raízes quadradas em bom estado e meu calhamaço keynesiano, e fiz aquela cara de quem havia acabado de conseguir o visto de residência permanente no futuro. E então o diretor da empresa me perguntou:
- "Você considera viável desenvolvermos um software que nos permita monitorar nosso footprint de logística integrada, ou seria melhor partimos para um network online de franquias comerciais setoriais?"
E eu, obviamente, do alto do meu insofismável cabedal, respondi sem hesitar:
- "Veja bem, vamos supor que Joaquim tenha 18 bananas..."
(Fonte: Revista da Web, São Paulo, a. 1, n. 6, p. 136-137, 2000.)

Rsrsrsrsrs... que sirva-nos a reflexão imbuída nesse texto...
Lendo-o e compartilhando-o, penso comigo: ‘É aí que sempre me refiro... ’ rsrsrs
BjOo grande, linda vida...